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Eta Carina numa composição de imagens dos telescópios Chandra [raios X] e Hubble [óptico].
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O
astrônomo Natahn Smith da Universidade da California em Berkeley
anuncia evidências de que a estrela luminosa azul eta Carina está já em
processo de morte. O evento ocorrido em 1843, quando a estrela foi
vista em pleno dia não foi uma erupção, mas a primeira de uma série de
explosões nucleares que precedem a explosão final da estrela que
acontecerá em breve ─ numa escala de décadas a séculos.
Até
hoje se imaginava que grandes estrelas, com massa maior que 10 vezes a
do Sol terminavam sua vida numa grande explosão, denominada de
supernova ─ um único evento que libera a energia que o Sol emitirá ao
longo toda sua vida de 10 bilhões de anos, ou seja, o equivalente a
quarenta bilhões de magatons a cada segundo.
A novidade é que
estrelas supermassivas como eta Carina parecem sofrer uma série de
explosões nucleares preliminares, antes da explosão final. São como
"ataques cardíacos" em que ocorre explosão nuclear parcial do núcleo.
Numa oscilação instável, são criados pares de partículas e
anti-partículas que detonam parcialmente o núcleo da estrela. No
entanto, este volta a se recompor, mas instabilidades fazem o fenômeno
acontecer repetidamente até que o núcleo central inteiro explode,
brilhando mais que uma centena de galáxias como a nossa. São as
chamadas explosões de hipernovas, como a 2006gy, observada em 2006.
Nesse caso, antes da explosão final, a estrela havia passado dez anos
antes por uma erupção como a que eta Carina teve há dois séculos atrás.
Até há pouco tempo, se imaginava que a grande erupção de eta
Carina tivesse sido um fenômeno periférico, ocorrido próximo à
superfície da estrela. Uma espécie de "doença de pele devido ao estágio
senil da estrela". Mas os dados de N. Smith, obtidos com o telescópio
Gemini Sul ─ localizado em Cerro Pachón, no Chile ─ mostram duas
evidências de que se tratou de uma verdadeira explosão. Por um lado,
Smith mediu a massa do Homúnculo ─ nebulosas ejetada pela estrela a 650
km/s ─ obtendo o valor de 12 massas solares, o que exigiria uma
potência igual à de uma supernova comum. Por outro lado, ele encontrou
bolsões de gás ejetados com velocidades de até 4000 km/s, que não podem
ser emitidos por estrelas tão frias como eta Carina (15000 K). Smith
mostra que esse gás não vem da estrela secundária ─ invisível e muito
mais quente (37000K) ─ proposta em 1997 por Damineli, Conti e Lopes,
pois sua composição química é a mesma da estrela principal, mais
luminosa.
Quando ocorrerá a gigantesca explosão que destacará a
Via Láctea dentre todas as outras do Universo local? Bem, eta Carina já
exibiu duas outras grandes explosões, uma em 1890 e outra entre 500 e
1000 anos atrás. A próxima pode ser a derradeira e pode acontecer nas
próximas décadas, séculos, ou no máximo, em um milênio!