Um casal carioca resolveu, no mundo virtual, as diferenças de um relacionamento que hoje tem mais de 17 anos.
Alexandre Justino, 37, e Elisângela Bernardo, 37, ficaram separados por um ano durante 2010 após uma briga. A paixão pelos games, mais especificamente pelo jogo de RPG on-line "Priston Tale", que tem mais de 2 milhões de jogadores no Brasil, teve papel central na reaproximação dos dois pombinhos.
Marcos Michael/Folhapress
Alexandre e Elisângela, casal que reatou o relacionamento depois de reencontro em jogo de RPG on-line
"Descobri [o jogo] por causa do meu filho de 9 anos. Ele insistiu muito para que eu jogasse com ele", diz Justino. "Só depois fiquei sabendo que a mãe dele jogava, também por insistência dele."
Na pele de seus alter egos virtuais (um guerreiro especialista em machados e uma sacerdotisa de cabelos azuis), Alexandre e Elisângela fizeram o que não conseguiam fazer no mundo real havia tempos: conversar.
"Falamos sobre as intrigas de nosso grupos e outros assuntos relacionados, como inimigos em comum", conta Alexandre. "Não foi um papo muito romântico, mas isso serviu de ponte para que pudéssemos nos encontrar de verdade e conversar sobre outros assuntos", completa.
Justino, dono de uma LAN house no Rio de Janeiro, continua jogando com a mulher e com o filho, embora não seja mais o líder que costumava ser -afirma que, agora, prefere dedicar mais tempo à família.
SÓ FALTA A SOGRA
Arlindo Neto é outro jogador de "Priston Tale" que usa o game há três anos para se encontrar e se comunicar diariamente com seus filhos.
Ele, os dois filhos do primeiro casamento, o genro, a atual esposa e o filho caçula jogam juntos sempre que possível. Para ele, o jogo simula relações reais e pode ser muito educativo. "Prefiro dar a mesada dos meus filhos em créditos para o jogo do que financiar baladas", afirma.
AMOR NOS GAMES
Apesar do sucesso de sites de relacionamento virtuais, uma pesquisa da Online Universityconcluiu que os jogos on-line são uma maneira melhor de encontrar um par romântico.
As razões são muitas: as pessoas passam mais tempo em jogos-online e a comunidade presente nos games é muito maior. Outros destaques do estudo incluem:
- O jogador on-line é em média mais jovem (32 anos) se comparado aos usuários de sites de relacionamento (48 anos);
- 74,7% dos jogadores de WoW possuem um relacionamento com alguém que também joga o game;
- 42 em cada 100 mulheres jogadoras de WoW se sentem atraídas por outros jogadores do game (enquanto em sites de relacionamento os homens podem esperar 1 retorno a cada 100 contatos feitos).
Ainda segundo o estudo, durante as partidas o cérebro dos jogadores ficam cheios de dopamina –responsáveis pela sensação de prazer e motivação. Isso quer dizer que os gamers se sentem melhor e tomam decisões 25% mais rápido.
ALEXANDRE ORRICO
DE SÃO PAULO
Fonte : Folha.com