Arquivo da categoria: Astronomia

Muito barulho por nada

A ciência se aproxima de descobrir por que existe algo em vez de nada

por Michael Shermer

Por que existe algo em vez de nada? Essa é uma daquelas questões profundas difíceis de responder. Ao longo de milênios, os humanos simplesmente disseram “Foi Deus quem fez”: um criador precedeu o Universo e o criou a partir do nada. Mas isso levanta a pergunta de quem criou Deus – e se Deus não precisar de um criador, a lógica dita que o Universo também não precisa. A ciência lida com causas naturais (não sobrenaturais) e por isso permite várias maneiras de explorar de onde é que o “algo” veio.

Universos múltiplos
Há muitas hipóteses de multiversos que nos mostram como o Universo poderia ter nascido a partir de outro. Nosso Universo pode ser, por exemplo, apenas um entre vários universos-bolha com diferentes leis naturais, que produziriam estrelas, com algumas delas colapsando em buracos negros e tendo peculiaridades que dariam origem a novos universos – de maneira similar à singularidade que os físicos acreditam ter dado origem ao Big Bang.
Teoria-M
No livro The Grand Design (O grande projeto), escrito em 2010 com Leonard Mlodinow, Stephen Hawking elege a “Teoria-M” (uma extensão da teoria de cordas que inclui 11 dimensões) como “a única candidata à teoria completa do universo. Se for finita – e isso ainda terá que ser provado – será o modelo de um universo que cria a si mesmo”.
Criação de espuma quântica
O “nada” do vácuo espacial na verdade é feito de turbulências espaço-temporais subatômicas em distâncias extremamente pequenas, mensuráveis na escala de Plank – a distância na qual a estrutura do espaço-tempo é dominada pela gravidade quântica. Nessa escala, o princípio da incerteza de Heisenberg permite que a energia decaia brevemente em partículas e antipartículas, produzindo “algo” a partir do “nada”. O nada é instável. Em seu novo livro, A Universe from Nothing, o cosmólogo Laurence M. Kraus tenta ligar a física quântica à teoria da relatividade geral de Einstein para explicar a origem de um Universo dessa maneira: “Na gravidade quântica, os universos podem aparecer espontaneamente, e de fato sempre o farão. Esses universos não precisam estar vazios, mas podem conter matéria e radiação desde que sua energia total, incluindo a energia negativa associada à gravidade (contrabalanceando a energia positiva da matéria), seja zero”. Além disso, “para universos fechados que podem ser criados a partir desses mecanismos para durar mais do que intervalos infinitesimais de tempo, algo como a inflação se faz necessário”. As observações mostram que o Universo é de fato plano (há matéria suficiente para desacelerar sua expansão, mas não detê-la), tem energia total zero e passou por uma rápida inflação, ou expansão, logo após o Big Bang, como descrito pela cosmologia inflacionária. “A gravidade quântica não apenas parece permitir que universos sejam criados a partir do nada – ou seja, da ausência de espaço e tempo –, ela pode precisar que seja assim. O ‘nada’ – nesse caso a ausência de espaço, de tempo, de tudo! – é instável”.
As outras hipóteses também são testáveis. A ideia de que novos universos possam surgir de buracos negros em colapso pode ser esclarecida a partir de conhecimentos adicionais sobre as propriedades de buracos negros, que estão sendo estudadas. Outros universos-bolha podem ser detectados nas sutis variações de temperatura da radiação cósmica de fundo deixada pelo Big Bang de nosso Universo. A Sonda Anisotrópica de Micro-ondas Wilkinson (WMAP, em inglês) está coletando dados sobre essa radiação. Além disso, o Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO, em inglês) foi projetado para detectar ondas gravitacionais excepcionalmente fracas. Se existem outros universos, talvez rugas em ondas gravitacionais indiquem sua presença. Talvez a gravidade seja uma força relativamente tão fraca (se comparada ao eletromagnetismo e às forças nucleares) porque parte dela “vaza” para outros universos. Mesmo que Deus seja visto como o criador das leis da Natureza que fizeram o Universo (ou multiverso) surgir a partir do nada – se essas leis forem determinísticas –, então Deus não teve escolha na criação do Universo, e por isso não foi necessário. De qualquer forma, por que deveríamos nos voltar para o sobrenatural quando nossa compreensão do natural ainda está em seus estágios iniciais? Seríamos sábios ao seguir esse princípio cético: antes de dizer que algo não é deste mundo, certifique-se de que não seja deste mundo.

 

©Kevin Carden/ Shutterstock

Fonte : SCIAM

Rare Cosmic Footprint

Rare Cosmic Footprint

 

The NASA/ESA Hubble Space Telescope has been used to capture a striking image of a rare astronomical phenomenon called a protoplanetary nebula. This particular example, called Minkowski’s Footprint, also known as Minkowski 92, features two vast onion-shaped structures either side of an ageing star, giving it a very distinctive shape.

Protoplanetary nebulae like Minkowski’s Footprint have short lives, being a preliminary stage to the more common planetary nebula phase. In the middle of the image is a star, soon to be a white dwarf, puffing out material due to intense surface pulsations. Charged particle streams, called stellar winds, are shaping this gas into the interesting shapes that Hubble allows us to see.

Technically speaking Minkowski’s Footprint is currently a reflection nebula as it is only visible due to the light reflected from the central star. In a few thousand years the star will get hotter and its ultraviolet radiation will light up the surrounding gas from within, causing it to glow. At this point it will have become a fully fledged planetary nebula.

The processes behind protoplanetary nebulae are not completely understood, making observations such as this even more important. Hubble has already conducted sterling work in this field, and is set to continue.

The image was obtained with the Hubble’s Wide Field Planetary Camera 2. The picture has been made from many exposures through four different colour filters. Light from ionised oxygen has been coloured blue (F502N), light passing through a green/yellow filter (F547M) is coloured cyan, light from atomic oxygen is coloured yellow (F631N) and light from ionised sulphur is coloured red (F673N). The total exposure times per filter were 2080 s, 960 s, 2080 s and 1980 s respectively and the field of view is only about 36 arcseconds across.

Credit:

ESA/Hubble & NASA

Fonte : Hubble

Sistema Solar pode ser modelo para outros sistemas planetários?

Humildade planetária

O Sistema Solar não é mais o sistema planetário com maior número de planetas que o homem conhece.

Com o rebaixamento de Plutão, hoje contamos com apenas oito planetas.

O recordista passou a ser o sistema planetário HD 10180, localizado a 130 anos-luz de distância, que parece ter nove planetas. Depois aparecemos nós e, em terceiro lugar, o sistema Kepler-11, com seis planetas.

Uma equipe da Universidade de Hertfordshire (Reino Unido) confirmou os dados usando o HARPS (High Accuracy Radial velocity Planet Searcher), um espectrógrafo instalado no observatório do ESO em La Silla, no Chile.

Isso vem se somar a outros indícios de que o Sistema Solar pode afinal não ser tão esquisito quanto ficou parecendo quando começamos a encontrar planetas extrassolares.

O que pode ter acontecido é que, como as técnicas para encontrar planetas vem sendo rapidamente aprimoradas, inicialmente os astrônomos só conseguiram ver algumas esquisitices cósmicas.

Por exemplo, inicialmente só se encontravam brutamontes gasosos super-quentes, maiores do que Júpiter, mas mais próximos de suas estrelas do que Mercúrio está do Sol – hoje já se calcula em bilhões o número de planetas rochosos em zonas habitáveis.

Velocidade radial e trânsito

Essa impressão foi reforçada por um outro trabalho publicado nesta semana por astrônomos do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto e do Observatório de Genebra.

Eles analisaram dados do mesmo espectrógrafo HARPS e do telescópio espacial Kepler e concluíram que as órbitas da maioria dos outros sistemas planetários são alinhadas, tal como acontece no nosso Sistema Solar.

A procura de exoplanetas faz-se hoje essencialmente por dois métodos distintos: método da velocidade radial e o método de trânsito.

Existe uma diferença significativa quando estes dois métodos são aplicados.

Um planeta pode ser detectado pela variação da velocidade radial da estrela mesmo quando a órbita esteja inclinado em relação à nossa linha de visão.

No entanto, para um planeta transitar, o plano da sua órbita tem de estar quase perfeitamente alinhado com a Terra, e o mesmo é verdade para um sistema de dois ou mais planetas.

Isto significa que, se observarmos vários planetas transitando em um sistema planetário, as suas órbitas terão ângulos muito pequenos entre si.

Sistema Solar pode ser modelo para outros sistemas planetários?

Dados indicam que planetas com órbitas não-coplanares são muito raros. [Imagem: Ricardo Reis (CAUP)]

Compatibilidade de dados

O HARPS é sensível a todos os tipos de exoplanetas, independentemente de sua orientação em relação à Terra, enquanto o telescópio espacial Kepler só enxerga aqueles vistos pela técnica do trânsito, ou seja, planetas que estão bem alinhados com o plano de suas estrelas.
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Cassiopeia A : Encontrado ferro no lado externo de supernova

Astrônomos lançaram um novo olhar sobre uma velha supernova e descobriram que ela havia se virado ao avesso durante a explosão. O ferro, que se forma durante a morte das estrelas, geralmente fica no centro dos restos da supernova. Em Cassiopeia A, porém, ele foi encontrado do lado externo.
Essa análise lança também alguma luz sobre um fenômeno chamado de “chute de estrelas de nêutrons”, quando a estrela de nêutrons formada em uma supernova recua durante a explosão.
Cassiopeia A (ou, abreviando, Cas A) é o resultado de uma supernova de núcleo colapsado, um tipo de explosão estelar que atinge apenas estrelas muito massivas. Ela está localizada a 11 mil anos-luz da Terra e explodiu há 330 anos, o que a torna a segunda supernova mais jovem de nossa galáxia.
Como estrelas funcionam à base de hidrogênio, quando já o gastaram todo alguém tem que ceder. O núcleo da estrela começa a colapsar e sua temperatura aumenta no processo, o que significa que a estrela pode começar a fundir hélio em vez de hidrogênio. Todas as estrelas da sequência principal (como o nosso Sol) um dia acabarão por atingir essa fase de “gigante vermelha”.
O que acontece em seguida, no entanto, depende de como elas são. Estrelas muito massivas, com mais de oito vezes a massa do Sol, começam a fundir elementos mais pesados. Elas consomem carbono, oxigênio, néon e silício, enquanto seu núcleo colapsa cada vez mais e suas camadas exteriores se resfriam e expandem. Por fim, o que resta é um núcleo de ferro. A fusão do ferro consome mais energia do que gera, por isso a fusão para.
Agora que não existe mais a pressão externa da fusão, a gravidade assume o controle e a estrela colapsa. Em mais ou menos um segundo o núcleo da estrela encolhe, de algo com aproximadamente o tamanho da Terra, para uma estrela de nêutrons (com cerca de 15km de diâmetro) ou um buraco negro (teoricamente com 0km). As partículas subatômicas que constituíam o núcleo são esmagadas umas contra as outras e prótons e elétrons se transformam em nêutrons e neutrinos.

Esses neutrinos correm para fora da estrela, empurrando as camadas da estrela de volta para o espaço. Esse “salto” de neutrinos dá às camadas caindo em direção ao núcleo da estrela, que agora são uma onda de choque movendo-se para fora, energia suficiente para fundir elementos ainda mais pesados: ouro, prata, platina e até mesmo urânio são formados em supernovas.
Os neutrinos que se formaram durante o colapso da estrela alcançam a Terra antes de vermos qualquer luz – eles ganham uma vantagem enquanto a onda de choque ainda está lutando com as camadas externas da estrela moribunda. A luz é emitida como resultado da onda de choque batendo contra gás e poeira em seu caminho para fora da supernova. Ao estudar essa luz, os astrônomos conseguem identificar os elementos presentes nos remanescentes da explosão. A Cas A, que tinha algo entre 15 e 25 vezes a massa do Sol antes de explodir, seguiu esse caminho, mas algo estranho aconteceu.
O ferro que se formou durante sua morte foi ejetado do centro do que restou da supernova, de acordo com um novo artigo de Uma Hwang, do Goddard Space Flight Centre, em Maryland, e J Martin Laming, do Laboratório de Pesquisa Naval, em Washington, publicado no The Astrophysical Journal.
Uma e Laming estudaram os dados de raios-X da Cas A coletados pelo Observatório de Raios-X Chandra, da Nasa e observaram que vários elementos estavam distribuídos pelos restos da supernova e que todo o ferro que viram estava bem fora de sua região central. “O surpreendente é vermos todo o ferro que esperávamos, mas do lado de fora, com aparentemente nada no centro”, declara Laming.
Nós estamos vendo a Cas A 330 anos depois de sua explosão. Normalmente, não seríamos capazes de ver os dejetos internos tão cedo na evolução de um remanescente estelar. Mas graças a uma estrela companheira que “roubou” parte de seu material, o predecessor do remanescente perdeu muita massa. Isso quer dizer que podemos olhar para dentro da Cas A muito mais cedo do que seria possível em outras circunstâncias.
“A perda de massa permitiu que os choques que iluminam os dejetos nos raios-X escapassem quase completamente da estrela em pouco mais de 300 anos, por isso tantos dejetos podem ser observados”, explicou Uma. “Ainda que a Cas A seja de fato o segundo remanescente de supernova mais jovem de nossa galáxia, ela é praticamente a única supernova de núcleo colapsado que exibe uma emissão significativa de dejetos de ferro”.

Esse golpe de sorte significa que Uma e Laming puderam investigar outro fenômeno associado às supernovas de núcleo colapsado: o “chute” das estrelas de nêutrons.
Há muito se sabe que as estrelas de nêutrons deixadas para trás após a explosão das supernovas afastam-se do centro da explosão. Isso é chamado de “chute” da estrela de nêutrons. Uma e Laming acreditam que esse chute seja gerado por instabilidades no núcleo da supernova. Se o momento for conservado (e ele deve ser, se o chute da estrela de nêutrons acontecer assim), os dejetos se moveriam na direção oposta à da estrela de nêutrons – e isso é exatamente o que eles viram na Cas A. Os dejetos, como um todo, se moveram na direção oposta à da estrela de nêutrons. Mas eles não viram o ferro se movendo nessa direção, o que também seria esperado.
Essa análise, porém, é apenas a primeira tentativa de uma visão detalhada e compreensiva dos dejetos da Cas A, que emitem raios-X. E esperamos que não seja a última. “Acredite se quiser, mas esses dados provavelmente podem gerar um estudo no mínimo quatro vezes mais detalhado, mas é necessária muita mão de obra humana e computadorizada”, declarou Hwang. “Esperamos que alguns teóricos que estão trabalhando com simulações de explosões de colapso de núcleo percebam que há dados por aí que podem começar a por suas teorias a teste”.
O NuSTAR, o primeiro laboratório de raios-X de alta energia, deve ser lançado este ano. Ele deve ser capaz de fornecer dados melhores com os quais os astrônomos possam investigar como a Cas A surgiu e como sua estrela de nêutrons foi chutada.
Além disso, ele ajudará a localizar titânio-44 nos restos da supernova. Esse núcleo radioativo é produzido no mesmo processo que gera o ferro puro – e assim deve ser distribuído da mesma maneira. Laming afirma que as evidências dos dados atuais sugerem que ele não está localizado junto com o ferro nos arredores do que restou da supernova, mas que está, na verdade, em seu centro. Porém, alerta ele, os dados ainda estão confusos e são inconclusivos. O NuSTAR será capaz de produzir imagens do titânio-44 e, com sorte, fornecer respostas mais definitivas. “Se for verdade, será uma surpresa e tanto”, apontou Laming.
O titânio-44 no centro do remanescente estelar poderia dizer algo sobre a presença do ferro ‘invisível’ (ou seja, que não recebeu ondas de choque) que também pode existir por lá, ou poderia fornecer pistas acerca dos detalhes da explosão, ou da natureza da estrela de nêutrons, observou Uma.

 

Concepção artística das camadas internas da estrela que precedeu a Cassiopeia A

Imagem da Cassiopeia A obtida pelo Chandra. O ferro está em azul, e os outros elementos são enxofre (em verde) e magnésio (em vermelho)

 

Fonte : SCIAM

Planetas nas zonas habitáveis são calculados em bilhões

Com informações do ESO – 28/03/2012

Muitos mundos

Que há mais planetas do que estrelas na Via Lácteavocê já sabia.

O que os astrônomos agora verificaram é que os planetas rochosos não muito maiores que a Terra são também comuns nas zonas habitáveis em torno das estrelas vermelhas de baixa luminosidade – o levantamento anterior não era sensível a essa classe de exoplanetas.

A equipe internacional estimou que existem dezenas de bilhões desses planetas – geralmente chamados de super-Terras – só na nossa galáxia, a Via Láctea, e provavelmente cerca de uma centena na vizinhança imediata do Sol.

Esta é a primeira medição direta da frequência de super-Terras em torno de anãs vermelhas, as quais constituem cerca de 80% de todas as estrelas da Via Láctea.

Esta primeira estimativa direta do número de planetas leves em torno das estrelas anãs vermelhas foi realizada com a ajuda do espectrógrafo HARPS instalado no telescópio de 3,6 metros que se encontra do Observatório do ESO, em La Silla, no Chile.

Anãs vermelhas

A equipe do HARPS está à procura de exoplanetas que orbitam os tipos de estrelas mais comuns da Via Láctea, as anãs vermelhas – também conhecidas como anãs do tipo M, o que corresponde ao mais frio dos sete tipos espectrais pertencentes a um esquema simples de classificação das estrelas segundo a sua temperatura e a aparência do seu espectro.

Essas estrelas apresentam fraca luminosidade e são pequenas quando comparadas com o Sol. No entanto, são muito comuns e vivem durante muito tempo, correspondendo por isso a 80% de todas as estrelas da Via Láctea.

“As nossas novas observações obtidas com o HARPS indicam que cerca de 40% de todas as estrelas anãs vermelhas possuem uma super-Terra que orbita na zona habitável, isto é, onde água líquida pode existir na superfície do planeta,” diz Xavier Bonfils, líder da equipe.

“Como as anãs vermelhas são muito comuns – existem cerca de 160 bilhões de estrelas deste tipo na Via Láctea – chegamos ao resultado surpreendente de que existirão dezenas de bilhões destes planetas só na nossa galáxia,” completou Bonfils.

Super-Terras e gigantes gasosos

A equipe HARPS analisou uma amostra cuidadosamente selecionada de 102 estrelas anãs vermelhas, que podem ser observadas no céu austral, durante um período de seis anos.

Foram encontradas nove super-Terras (planetas com massas compreendidas entre uma e dez vezes a massa terrestre), incluindo duas no interior das zonas habitáveis das estrelas Gliese 581 e Gliese 667 C.

Combinando todos os dados, incluindo observações de estrelas sem planetas, e observando a fração de planetas existentes que poderiam ser descobertos, a equipe conseguiu descobrir quão comuns são os diferentes tipos de planetas em torno de anãs vermelhas.

O resultado é que a frequência de ocorrência de super-Terras na zona habitável é de 41%, estendendo-se entre 28% e 95%.

Por outro lado, planetas de maior massa, semelhantes a Júpiter e Saturno – os chamados gigantes gasosos -, raramente são encontrados em torno de anãs vermelhas. Prevê-se que estes planetas gigantes (com massas compreendidas entre 100 e 1.000 vezes a massa terrestre) apareçam em menos de 12% deste tipo de estrelas.

Planetas nas zonas habitáveis são calculados em bilhões

Esta é a parte principal do instrumento HARPS, durante sua fase de montagem. [Imagem: HARPS/Unige]

Muitos vizinhos

Como existem muitas estrelas anãs vermelhas próximo do Sol, esta nova estimativa significa que existem provavelmente cerca de cem exoplanetas do tipo super-Terra nas zonas habitáveis de estrelas na vizinhança solar, a distâncias menores que 30 anos-luz.

“A zona habitável em torno de uma anã vermelha, onde a temperatura é favorável à existência de água líquida na superfície do planeta, encontra-se muito mais próxima da estrela do que a Terra do Sol,” diz Stéphane Udry, membro da equipe. “Mas sabe-se que as anãs vermelhas estão sujeitas a erupções estelares, o que faria com que o planeta fosse banhado por radiação ultravioleta e raios-X, tornando assim a vida mais improvável.”

Um dos planetas descobertos no rastreio HARPS de anãs vermelhas é o Gliese 667 Cc. Este é o segundo planeta descoberto neste sistema estelar triplo e parece estar próximo do centro da zona habitável.

Embora este planeta seja mais de quatro vezes mais pesado do que a Terra, é o “irmão gêmeo” mais parecido com a Terra encontrado até agora e possui quase com certeza as condições necessárias à existência de água líquida à sua superfície.

É a segunda super-Terra descoberta no interior da zona habitável de uma anã vermelha durante este rastreio HARPS, depois de Gliese 581d, anunciado em 2007 e confirmado em 2009.

“Agora que sabemos que existem muitas super-Terras em órbita de anãs vermelhas próximas de nós, precisamos identificar mais delas utilizando tanto o HARPS como futuros instrumentos. Espera-se que alguns destes planetas passem em frente das suas estrelas hospedeiras à medida que as orbitam – o que nos dará uma excelente oportunidade de estudar a atmosfera do planeta e procurar sinais de vida,” conclui Xavier Delfosse, outro membro da equipe.

Instrumento HARPS

O instrumento HARPS (High Accuracy Radial velocity Planetary Search) mede a velocidade radial das estrelas com uma precisão extraordinária.

Um planeta que se encontre em órbita de uma estrela faz com que esta se desloque para cá e para lá relativamente a um observador distante na Terra.

Devido ao efeito Doppler, esta variação na velocidade radial induz um desvio no espectro da estrela na direção dos maiores comprimentos de onda quando a estrela se afasta (chamado desvio para o vermelho) e na direção dos menores comprimentos de onda quando esta se aproxima (desvio para o azul).

Este minúsculo desvio do espectro da estrela pode ser medido por um espectrógrafo de alta precisão como o HARPS e utilizado para inferir a presença de um planeta.

Planetas nas zonas habitáveis são calculados em bilhões

Esta concepção artística retrata o entardecer visto da super-Terra Gliese 667 Cc. A estrela mais brilhante no céu é a anã vermelha Gliese 667 Cc, que é parte de um sistema triplo de estrelas. As outras duas estrelas mais distantes, Gliese 667 A e B, aparecem no céu à direita. Astrônomos estimaram que existem dezenas de bilhões de planetas rochosos orbitando anãs vermelhas de baixa luminosidade somente na Via Láctea.[Imagem: ESO/L. Calçada]

Fonte : Inovação Tecnológica

Todos a bordo: Expresso Buraco de Minhoca vai partir

Matéria com energia negativa

Todos a bordo do Expresso Buraco de Minhoca, rumo à primeira viagem realmente espacial da espécie humana.

Calma, não precisa correr, porque as passagens ainda não estão à venda.

A novidade é que parece que não é tão difícil quanto se imaginava construir esses túneis que unem localidades diferentes do espaçotempo – ou abrir portas para outros universos.

Estima-se que quem entrar em um buraco de minhoca poderá reaparecer instantaneamente perto de Plutão, ou na galáxia de Andrômeda, ou em qualquer outro lugar do Universo, ou mesmo em outro universo – sem a chatice da viagem.

Por enquanto, os buracos de minhoca estão apenas nos livros de teoria: ninguém nunca detectou um e nem tampouco existe um projeto para construir um deles.

E não é por acaso: a mesma teoria que garante que eles são possíveis afirma que eles são intrinsecamente instáveis, e costumam se fechar antes que você embarque em sua nave espacial.

A única saída é alimentá-los com uma forma exótica de matéria com energia negativa, algo cuja existência é posta em dúvida por muitos físicos.

Buraco de minhoca factível

Mas, agora, tudo mudou – esclareça-se, tudo mudou na teoria.

Um físico grego e dois alemães demonstraram que pode ser possível construir um buraco de minhoca sem usar nem um só saco desse cimento esquisito chamado matéria com energia negativa.

"Você não vai precisar nem mesmo de matéria normal, com energia positiva," garante Burkhard Kleihaus, da Universidade de Oldemburgo, na Alemanha. "Buracos de minhoca podem ser mantidos aberto sem precisar de nada."

Se isto estiver correto, significa então que pode ser possível encontrar buracos de minhoca pelo espaço. Civilizações mais avançadas do que a nossa já podem até mesmo estar indo para lá e para cá nesse metrô galáctico construído com buracos de minhoca.

E, eventualmente, até mesmo poderemos construir nossos próprios túneis espaçotemporais, como portais para outras paragens, o que inclui, muito provavelmente, outros universos, com suas próprias galáxias, estrelas e planetas.

Metrô intergaláctico: Expresso Buraco de Minhoca vai partir

Os cientistas não têm como testar qual das respostas que a Teoria das Cordas e a Teoria-M dão é a "correta". Na verdade, todas elas podem estar corretas e talvez vivamos em um Universo entre um número infinito de universos. [Imagem: quintic/Wikipedia]

Sempre Einstein

A ideia de um buraco de minhoca se sustenta na teoria de Einstein, que mostra que a gravidade nada mais é do que uma dobradura invisível do espaçotempo causada pela energia – a massa-energia de grandes corpos celestes, por exemplo.

Foi o austríaco Ludwig Flamm que, em 1916, descobriu que dobraduras suficientemente dobradas poderiam funcionar como conduítes através do espaço e do tempo.

Isso chamou a atenção do próprio Einstein, que estudou a possibilidade juntamente com Nathan Rosen. Mas eles concluíram que a única conexão que um buraco de minhoca oferecia seria para um universo paralelo, o que os dois consideraram algo impensável.

Só em 1955, John Wheeler demonstrou que é possível conectar duas regiões do nosso próprio Universo – foi ele quem cunhou o termo buraco de minhoca, assim como ele mesmo já havia batizado os buracos negros.

Mas, claro, coube a Carl Sagan tirar essa curiosidade dos livros de física e usá-la para atiçar o interesse na ciência do público em geral. Um buraco de minhoca foi usado em sua obra Contato.

A tal da matéria com energia negativa seria necessária porque essa matéria teria uma espécie de anti-gravidade, o que seria necessário para que o buraco de minhoca abrisse sua boca e nos deixasse passar.

Embora a teoria de Einstein tenha resistido a todos os testes feitos até agora, os cientistas acreditam que ela talvez seja uma aproximação de uma teoria mais geral, por duas razões: a primeira é que ela não se coaduna com a mecânica quântica, e esta tampouco cede a todos os experimentos possíveis. E, segundo, porque a teoria de Einstein colapsa no centro de um buraco negro, na chamada singularidade.

Metrô intergaláctico: Expresso Buraco de Minhoca vai partir

O observatório Integral recentemente alterou os parâmetros de busca da chamada física pós-Einstein. [Imagem: ESA/SPI Team/ECF]

Indo além de Einstein

Já em 1921, Theodor Kaluza e Oskar Klein tentaram ir além da teoria da relatividade.

Inspirados em Einstein, que mostrou que a gravidade é a curvatura de um tecido que une as três dimensões do espaço mais o tempo, Kaluza e Klein propuseram que tanto a gravidade quanto a força eletromagnética podem ser explicadas pela curvatura de um espaçotempo de cinco dimensões.

Hoje, os teóricos da teoria das cordasafirmam que todas as quatro forças fundamentais podem ser explicadas pelas dobraduras de um espaçotempo de 10 dimensões.

Mas essas teorias são complexas demais até mesmo para os físicos teóricos.

E aqui entram Kleihaus, Panagiota Kanti e Jutta Kunz, os três intrépidos proponentes de uma versão mais simples dos buracos de minhoca.

O fundamento é que, se existem outras dimensões, nós não as percebemos porque elas são pequenas demais.

O processo de compactar as seis dimensões que não percebemos – aquelas que completam o quadro de 10 dimensões da teoria das cordas – cria vários novos campos de força, um deles chamado campo dilaton.

Da mesma forma que a gravidade na teoria da relatividade depende da curvatura do espaçotempo, nessas novas teorias a gravidade depende da curvatura mais a curvatura elevada a uma potência.

Os três pesquisadores usaram esse termo extra para propor um buraco de minhoca que não precisa de antigravidade.

Metrô intergaláctico: Expresso Buraco de Minhoca vai partir

Recentemente cientistas propuseram uma forma para testar a ideia do Big Flash, um irmão mais novo do Big Bang, uma explosão de radiação que teria mudado a estrutura do espaçotempo nos primórdios do nosso Universo. [Imagem: Getty Images]

Procurando buracos de minhoca no espaço

O resultado assustaria Einstein, porque o buraco de minhoca resultante do novo estudo não pode nos levar para Plutão ou Andrômeda, mas apenas para outros universos.

Desafiador, mas altamente especulativo.

A menos que alguém possa encontrar indícios de que tal estrutura exista no nosso Universo, pairando por aí em algum lugar.

Os três pesquisadores acreditam que é possível.

É bom lembrar que estávamos falando de dimensões submicroscópicas, quando estamos interessados em algo por onde possa menos pelo menos uma nave espacial.

Os cientistas afirmam que a inflação do Universo pode ter espichado esses buracos de minhoca a ponto de eles superarem as dimensões humanas, como um ponto de tinta colocado sobre uma bexiga vai aumentando conforme a bexiga se enche.

"A inflação [do Universo] pode ter inchado os minúsculos buracos negros que permeiam o tecido submicroscópico do espaço," propõe Kleihaus.

Como encontrá-los? Olhando para o Universo, já que a presença de um buraco de minhoca macroscópico deverá representar uma mudança radical no campo de visão dos telescópios.

"Afinal de contas, a boca do buraco de minhoca é uma janela para outro universo," propõe o cientista.

Desde, é claro, que o buraco de minhoca esteja com a boca precisamente virada para a Terra.

Bibliografia:
Stable Lorentzian Wormholes in Dilatonic Einstein-Gauss-Bonnet Theory
Panagiota Kanti, Burkhard Kleihaus, Jutta Kunz
arXiv
http://arxiv.org/abs/1111.4049

Fonte : Inovação Tecnológica

Astrônomos descobrem uma galáxia retangular

Desafiando as leis da natureza

Uma equipe internacional de astrônomos achou algo quase inacreditável: uma galáxia retangular.

"No Universo ao nosso redor, a maioria das galáxias tem uma dentre três formas: esferoidal, disco ou irregular," comentou o professor Alister Graham da Universidade de Tecnologia de Swinburne, na Austrália, membro da equipe que congrega ainda astrônomos da Alemanha, Suíça e Finlândia.

Mas descobrir uma galáxia retangular "é como descobrir uma nova espécie que, à primeira vista, parece desafiar as leis da natureza".

"É uma daquelas coisas que só pode fazer você rir, porque ela não deveria existir, ou, pelo menos, nós não esperávamos que existisse," disse Graham.

Astrônomos descobrem uma galáxia retangular

A galáxia retangular, batizada de LEDA 074886, está a 700 milhões de anos-luz da Terra. [Imagem: Swinburne University of Technology]

Galáxia retangular

A galáxia retangular, que lembra a lapidação típica de uma esmeralda, foi descoberta durante um rastreio feito pelo telescópio japonês Subaru.

Serão necessárias observações adicionais para desvendar o mistério, mas os astrônomos afirmam que seja improvável que essa galáxia seja um cubo.

O mais provável, acreditam eles, é que ele lembra um disco inflado visto de lado.

Quanto à explicação do seu formato, a hipótese mais plausível é que ela seja fruto de uma colisão entre galáxias, ainda estando em processo de se "ajeitar" – o único problema é que ela é muito pequena, considerada uma galáxia-anã.

A galáxia retangular, batizada de LEDA 074886, está a 700 milhões de anos-luz da Terra.

Astrônomos descobrem uma galáxia retangular

Uma galáxia retangular "é uma daquelas coisas que só pode fazer você rir, porque ela não deveria existir, ou, pelo menos, nós não esperávamos que existisse."[Imagem: Swinburne University of Technology]

Fonte : Inovação Tecnológica

Realidade da Ficção : NASA quer tornar raio trator uma realidade

Raios tratores

A NASA resolveu estudar formas de tornar realidade um conceito longamente proposto pela ficção científica: os raios tratores.

Raios tratores são dispositivos que usam a luz para capturar e mover objetos.

Embora nos filmes esses mecanismos sejam capazes de arrastar naves inteiras, a NASA está mais interessada em capturar partículas da atmosfera de planetas ou da cauda de cometas e levá-las até os instrumentos a bordo de sondas espaciais ou robôs espaciais.

Uma vez no instrumento, as partículas poderão ser analisadas.

Isso poderia simplificar muito o projeto das sondas e dos robôs, além de aumentar significativamente seu alcance – no caso de um cometa ou asteroide, por exemplo, um raio trator a laser poderia manter a sonda a uma distância segura dos detritos, além de capturar amostras por um longo período de tempo.

NASA quer tornar raio trator uma realidade

A ideia da NASA é substituir os braços robóticos por capturadores de partículas totalmente ópticos, que poderiam atuar na atmosfera quanto no solo. [Imagem: Paul Stysley]

Raio trator a laser

A equipe formada por Paul Stysley, Demetrios Poulios e Barry Coyle, do Centro de Voos Espaciais Goddard, foi encarregada de testar experimentalmente três técnicas para um raio trator.

Todas vão usar raios laser para capturar e transportar partículas.

"A ideia original era de que poderíamos usar os raios tratores para limpar o lixo espacial," confessa Stysley. "Mas puxar algo tão grande seria praticamente impossível por enquanto. Foi quando surgiu a ideia de que talvez pudéssemos usar a mesma abordagem para capturar amostras".

Simulações já mostraram que uma abordagem alternativa, chamada raio trator gravitacional, poderia ser usada até mesmo para desviar um asteroide que estivesse em rota de colisão com a Terra.

Em 2010, uma equipe australiana demonstrou pela primeira vez a possibilidade de capturar e mover partículas por longas distâncias usando um raio trator óptico:

Tecnologias de raios tratores

Vórtice óptico

A primeira abordagem experimental que a equipe pretende estudar é chamada vórtice óptico ou técnica das pinças ópticas, na qual são usados dois feixes de laser com propagação oposta.

Os dois feixes formam uma geometria semelhante a um anel, que aprisiona a partícula no núcleo sem luz dos feixes em contra-rotação.

Pesquisas iniciais mostraram que é possível mover as partículas ao longo do anel aumentando e diminuindo a intensidade de um dos feixes de luz – na verdade, aquecendo o ar ao redor da partícula aprisionada.

Esta técnica, contudo, como é baseada no aquecimento do entorno da partícula, exige a presença de uma atmosfera – ou seja, ela somente será útil em planetas com atmosferas com densidade suficiente.

NASA quer tornar raio trator uma realidade

A matéria a ser capturada é puxada de volta ao longo de todo o feixe de laser, como se ele fosse um cano de um aspirador de pó. [Imagem: NASA]

Feixes solenoides

A segunda técnica usa feixes ópticos solenoides – aqueles cujos picos de intensidade espiralam ao redor do eixo de propagação.

Essa técnica consegue aprisionar e exercer uma força que movimenta as partículas na direção oposta à fonte do laser.

Em outras palavras, a matéria a ser capturada é puxada de volta ao longo de todo o feixe de luz, como se ele fosse um cano de um aspirador de pó.

Ao contrário da técnica do vórtice, esta usa somente os efeitos eletromagnéticos, podendo operar no vácuo do espaço.

Isto a torna ideal para estudar a composição de materiais em luas, em asteroides e em cometas.

Feixe de Bessel

A terceira técnica por enquanto só existe no papel, nunca tendo sido demonstrada em laboratório.

Ela envolve um feixe de Bessel.

Quando disparado sobre uma superfície, um laser comum aparece como um pequeno ponto.

Um feixe de Bessel, por sua vez, aparece como um ponto circundado por anéis de luz.

Segundo a teoria, o feixe de laser poderá induzir campos elétricos e magnéticos na rota do objeto.

O spray de luz dispersada para a frente por estes campos poderia puxar o objeto para trás, na direção contrária à do próprio feixe.

Fonte : Inovação Tecnológica

Crepúsculo com eclipse

O eclipse será visível em toda a América do Sul, África, Europa, Oceania, Antártida e Ásia exceto a parte norte.
Denomina-se eclipse ao obscurecimento parcial ou total de um corpo celeste em virtude da interposição de um outro. A palavra eclipse vem do grego ekleipsis, que significa abandono, desmaio, desaparecimento. É uma das raras chances de observar-se um espetáculo tão belo da natureza. Embora os eclipses solares ocorram em maior número, vemos com mais freqüência os lunares, pelo fato de os últimos serem observados em áreas consideravelmente superiores à metade da Terra.
Os eclipses lunares ocorrem quando a Lua penetra no cone de sombra da Terra, o que só pode acontecer na fase de Lua cheia pelo seguinte: A Terra gira ao redor do Sol num plano. Por exemplo, supondo que o Sol esteja no centro da face superior de uma mesa, a Terra se move em torno do Sol no nível desta superfície. Ao mesmo tempo a Lua gira em torno da Terra, mas o plano de órbita lunar é inclinado um pouco mais de 5º em relação à face da mesa. Embora a Terra projete sempre a sua sombra não a percebemos porque geralmente a Lua passa acima ou abaixo da sombra. Assim, quando a Lua cruza o plano da órbita da Terra, ou seja, passa por um nodo, e além disso o Sol, a Lua e a Terra ficam alinhados, ocorre um eclipse lunar. A sombra da Terra projetada no espaço se estende em forma cônica por cerca de 1,38 milhão de quilômetros. À distância de aproximadamente 360 mil quilômetros, onde está a Lua, o diâmetro da sombra tem cerca de 9 mil quilômetros. Além de uma parte escura, chamada umbra ou apenas sombra, a sombra da Terra tem uma parte cinzenta denominada penumbra. Mas é a sombra que dá o efeito de beleza ao fenômeno, pois a penumbra na maioria das vezes é imperceptível.
Na tarde de 15 de junho, quando a Lua estiver ainda abaixo do horizonte, e, portanto ainda não terá nascido no horizonte leste, às 15h22min, a Lua cheia começará a “mergulhar” na sombra da Terra. Às 16h22min a Lua estará toda coberta pela sombra de nosso planeta.
No Brasil, para observadores em São Paulo, para considerarmos uma média, a Lua irá nascer eclipsada às 17h25min e o pôr do Sol ocorrerá às 17h27min. Devido ao horário deste evento, a Lua eclipsada não terá tanto contraste com o fundo do céu por conta da claridade do crepúsculo. Em outras palavras, não veremos a Lua cheia nascer bem brilhante como de costume, porque ela estará dentro da sombra da Terra.
Mesmo assim será um fenômeno raro e um desafio tentarmos observar a Lua nascendo totalmente eclipsada e o Sol se pondo do outro lado do horizonte.
Mais tarde, às 18h02min quando a Lua começará a sair da sombra estará a cerca de 7 graus de altura sobre o horizonte até que às 19h02min sairá por completo e estará novamente toda iluminada pelo Sol, quando estará a cerca de 19 graus do horizonte.
Os eclipses lunares já foram mais importantes para a pesquisa astronômica. Eles forneceram a primeira prova de que a Terra é redonda, foram utilizados no estudo da alta atmosfera do nosso planeta, no estudo da rotação da Terra, no tamanho e distância do nosso satélite além de variações em seu movimento. Além disso, os eclipses podem contribuir com a História na determinação de datas que se deram em tempos remotos.
Neste ano temos ao todo 4 eclipses sendo 2 eclipses da Lua e 4 eclipses do Sol. Destes, apenas o eclipse lunar de 15 de junho será visível no Brasil.
As observações do eclipse total da Lua podem ser realizadas com binóculos, lunetas e telescópios de fraco aumento.
Para fotografar o eclipse com câmera digital, pode-se fixá-la num tripé, em modo de foco infinito, paisagem ou cenário (landscape). Como se pode verificar o resultado da imagem obtida, é fácil experimentar o tempo de exposição durante o eclipse. Na fase de totalidade, pode-se usar sensibilidade de ISO 100 ou 200 e exposições entre 1s a 5s. Também pode-se aumentar o ISO e diminuir o tempo de exposição.
Para exposições depois da totalidade, geralmente a câmera consegue se adaptar as condições de luz automaticamente, bastando apertar o botão de disparo para efetuar a foto nesta fase. Para as câmeras com opções manuais, pode-se usar exposições rápidas de 1/350 a 1/125 com ISO 100 para aberturas pequenas como 1:5,6 ou 1:8.
Em suma, pode-se utilizar mais de uma abertura e velocidade de disparo para garantir fotos de boa qualidade. Com a câmara fixa, apoiada em tripé, deve-se disparar manualmente em intervalos de três, cinco minutos ou mais.
É importante conhecer a trajetória aparente da Lua e fazer um ensaio na véspera para procurar o melhor local. Usando-se teleobjetivas, como o campo é limitado, é possível obter imagens maiores da Lua.
De qualquer forma, vale a pena reunir a turma, procurar um local alto e com o horizonte livre. Pode-se observar o pôr do Sol e tentar ver a Lua nascendo eclipsada, em contraste com a claridade do crepúsculo e ainda na sombra do nosso planeta. Com o passar do tempo, a Lua estará cada vez mais alta, irá saindo da sombra e voltará a estar cheia e totalmente iluminada pelo Sol.


Wikimedia Commons

por Paulo S. Bretones

Paulo S. Bretones Professor da Universidade Federal de São Carlos, é co-editor da Revista Latino-Americana de Educação em Astronomia (RELEA) e autor de “Os Segredos do Sistema Solar” e os “Segredos do Universo”, da Atual Editora.

Fonte : SCIAM.BR