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Simulação reforça indícios da existência do Planeta 9

Planeta 9

Os astrônomos já garantem que o Planeta 9 é uma certeza matemática, mas ele só será declarado uma descoberta quando pudermos fazer imagens dele.

Por enquanto, os estudos avançam no sentido de detectar os efeitos gravitacionais que o ainda hipotético planeta exerce sobre corpos celestes que já conseguimos observar.

É o que acaba de fazer uma equipe internacional com a participação de pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista).

A equipe montou simulações computadorizadas de um modelo do Sistema Solar contendo um nono planeta, e então rodou o programa para monitorar a evolução da nossa vizinhança espacial ao longo de um período equivalente a bilhões de anos.

E os resultados confirmaram que a existência do Planeta Nove afetaria a formação de duas áreas do Sistema Solar onde estão grandes “depósitos” de cometas: a área expandida do Cinturão de Kuiper e a Nuvem de Oort – a simulação resulta nessas áreas como elas existem hoje.

“Por meio das simulações também confirmamos o resultado de um estudo muito recente que indica que objetos localizados na região expandida do Cinturão de Kuiper, cujas distâncias de periélio (menor distância em relação ao Sol) sejam inferiores a 30 uas [unidades astronômicas] e inclinação inferior a 40 graus, também podem servir como são evidências do Planeta 9. Esse resultado pode contribuir para uma melhor caracterização da órbita do planeta hipotético em um tempo menor, pois esses objetos são mais fáceis de observar,” contou o professor Rafael de Sousa.

Hipótese do Planeta 9

A hipótese da existência do Planeta 9 ganhou força há pouco mais de uma década, quando os telescópios avançaram o suficiente para permitir a descoberta de seis objetos transnetunianos, então classificados como os mais distantes já registrados no Sistema Solar.

A análise das órbitas destes corpos identificou um alinhamento singular, com todas parecendo apontar para uma mesma direção, como se sofressem os efeitos gravitacionais de um corpo celeste maior. Foi quando os astrônomos Konstantin Batygin e Michael Brow fizeram os primeiros cálculos a indicar uma provável órbita do Planeta 9.

Os seis objetos transnetunianos forneceram um indício importante, mas não o suficiente para que tenhamos um ponto para onde apontar os telescópios. Devido ao seu imenso distanciamento do Sol, a luz que chega à superfície do planeta e é refletida deve ter uma intensidade mínima, ou seja, o planeta é muito escuro do nosso ponto de vista. Além disso, sua órbita é extremamente longa, calculando-se algo em torno de 10 mil anos para que ele complete uma volta em torno do Sol.

Tudo somado, o resultado é que, a menos que sejam encontradas novas informações quanto à região em que ele possa ser encontrado num dado momento, os pesquisadores ficam limitados a buscar o objeto “às cegas”, sem uma indicação precisa para onde apontar os telescópios.

Para melhorar os dados, a equipe agora se voltou para outro grupo de corpos celestes, os cometas. No Sistema Solar existem duas fontes principais de cometas: o Cinturão de Kuiper – e sua região expandida – e a Nuvem de Oort. Esta última está localizada a distâncias que variam entre 1.000 e mais de 20.000 uas – uma unidade astronômica corresponde à distância entre a Terra e o Sol. As evidências obtidas pelos seis objetos transnetunianos indicam que o Planeta 9 estaria localizado dentro da região expandida do Cinturão de Kuiper.

O raciocínio é que, se o planeta influencia por meio da interação gravitacional a órbita dos objetos transnetunianos, deve ser possível observar também algum efeito sobre os cometas que se formaram e saem daquela região do espaço. Foi o que a simulação mostrou, resultando em uma configuração do Sistema Solar semelhante à que conhecemos hoje, incluindo as posições do Cinturão de Kuiper e da Nuvem de Oort, e com os cometas apresentando as mesmas órbitas que podemos observar atualmente.

Cometas fundamentam existência do Planeta Nove

A simulação também resultou no surgimento de uma segunda nuvem, na região expandida do Cinturão de Kuiper, alinhada com a órbita do planeta. Essa nuvem funcionaria como um reservatório adicional de cometas, influenciando diretamente a produção e a distribuição dessas órbitas, mas sua existência também carece de confirmação observacional.

Finalmente, os pesquisadores calcularam as trajetórias dos cometas que surgiram a partir desses três reservatórios, em especial de um grupo de quatro cometas conhecidos e que também surgiram na simulação – eles medem mais de 10 km de diâmetro e levam menos de 20 anos para completar suas órbitas. “Isso garantiu uma maior precisão dos resultados, porque são órbitas que já estão bem mapeadas,” disse Rafael.

E as coisas bateram. “Nossas simulações foram consistentes com as observações das órbitas dos cometas,” confirmou o pesquisador. E a equipe conseguiu reunir evidências adicionais, relacionadas ao número de cometas. “Produzimos uma estimativa sobre o número de cometas com mais de 10 km de diâmetro que seriam produzidos, e comparamos com os cerca de quatro já observados. Sem a presença do Planeta 9 na simulação, o número não chega a um. Com ele, pode chegar a 3,6 – o que é muito mais próximo da realidade.”

Outro avanço proporcionado pela pesquisa foi uma clareza maior quanto às possíveis dimensões do hipotético Planeta 9. Até então, pesquisas apontavam para um astro de grandes proporções, com cerca de 15 massas terrestres. Mas a simulação da equipe concluiu que o Planeta 9 deve ter metade disso, cerca de 7,5 massas terrestres, menor do que Urano, que tem pouco mais de 14 vezes a massa terrestre.

O próximo passo será refinar ainda mais a simulação, focando nos chamados cometas de longo período, que levam centenas e até milhares de anos para completar uma volta em torno do Sol. “O estudo desses cometas pode proporcionar ainda mais pistas sobre o Planeta 9, porque a origem deles é a Nuvem de Oort. Por isso, será o nosso próximo desafio,” concluiu Rafael.

Bibliografia:

Artigo: Reassessing the origin and evolution of Ecliptic Comets in the Planet-9 Scenario
Autores: Rafael Ribeiro de Sousa, Andre Izidoro, Alessandro Morbidelli, David Nesvorny, Othon Cabo Winter
Revista: Icarus
Vol.: 433, 116472
DOI: 10.1016/j.icarus.2025.116472

Fonte : Inovação Tecnológica

 

New Horizons encontra evidências do 2º Cinturão de Kuiper

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Artigo resumido : 

  • A espaçonave New Horizons , lançada em 2006, realizou sobrevôos históricos de Plutão em 2015 e de Arrokoth em 2019, tornando-se a espaçonave mais rápida já enviada da Terra.
  • O cientista-chefe Alan Stern fornece aqui uma atualização, destacando descobertas inesperadas de impactos de poeira, um Cinturão de Kuiper estendido ou mesmo um segundo, e delineia planos para exploração futura.
  • Os seus objectivos de missão a longo prazo incluem alcançar o choque final da heliosfera e aventurar-se no espaço interestelar, usando a sua instrumentação moderna para complementar as descobertas da sonda Voyager da NASA.

New Horizons visitou Plutão em 2015

Lembra como foi emocionante quando a espaçonave New Horizons encontrou Plutão? Esta nave – a mais rápida alguma vez enviada da Terra – foi lançada em 19 de Janeiro de 2006, passou a órbita da Lua em apenas 9 horas e depois passou 10 anos a percorrer a distância de 3 mil milhões de quilómetros até Plutão. Ele passou por Plutão em 2015, passando a cerca de 12.500 km do pequeno mundo e descobrindo, entre muitas outras coisas, uma grande e jovem região de gelo em forma de coração em Plutão, além de montanhas feitas de água gelada. Em 2019, a New Horizons passou por Arrokoth, que se tornou assim o objeto mais distante e primitivo do nosso sistema solar já visitado por uma nave espacial. Em 4 de abril de 2024, o cientista-chefe da New Horizons, Alan Stern, forneceu uma atualização das descobertas da missão, à medida que ela continuava a se mover para fora. Ele disse que a New Horizons encontrou evidências de um segundo Cinturão de Kuiper. Ele também disse que a equipe da New Horizons ainda está esperançosa de que as pesquisas terrestres revelem novos objetos do Cinturão de Kuiper que a espaçonave possa ser capaz de explorar. Ele relatou:

A espaçonave continua coletando dados 24 horas por dia sobre o casulo do nosso Sol na galáxia, chamado de heliosfera, e transmitindo esses dados, bem como os dados finais do nosso sobrevôo do objeto Arrokoth do Cinturão de Kuiper, de volta à Terra… O primeiro de essa foi a publicação de novos resultados interessantes do nosso instrumento contador de poeira integrado, que você pode encontrar online . Isto mostra que, ao longo dos últimos anos, o instrumento detectou um número inesperadamente elevado de impactos de poeira.

Por que isso é tão emocionante? Porque indica mais poeira a distâncias maiores do Sol do que o esperado, o que por sua vez pode ser evidência de um Cinturão de Kuiper estendido, ou mesmo de um segundo Cinturão de Kuiper, à frente.

Mais objetos do Cinturão de Kuiper à frente?

Portanto, a New Horizons está a encontrar mais poeira do que esperava nos confins do nosso sistema solar. E Alan Stern explicou que existem outras possibilidades para a elevada taxa de impacto de poeira nesta parte do sistema solar.

Mas, disse ele, a equipe da New Horizons também está usando telescópios terrestres para pesquisar ao longo da trajetória de saída da espaçonave por objetos adicionais do Cinturão de Kuiper. Se algum estiver próximo do caminho da espaçonave, talvez seja possível estudá-lo.

 

Imagem do Dia – Partículas Energéticas atingem a Terra.

Foi uma das partículas mais energéticas já conhecidas que atingiu a Terra – mas de onde veio? Apelidada de Amaterasu em homenagem à deusa xintoísta do sol , esta partícula, assim como todos os raios cósmicos que atingem a atmosfera da Terra , causou uma chuva de elétrons, prótons e outras partículas elementares que se espalhou pela Terra abaixo. Na ilustração em destaque , uma chuva de raios cósmicos é retratada atingindo o Telescope Array em Utah , EUA , que registrou o evento Amaterasu em maio de 2021. Chuvas de ar de raios cósmicos são tão comuns que você provavelmente já esteve em um spray de partículas , embora provavelmente não tenha notado. A origem desta partícula energética, provavelmente o núcleo de um átomo , permanece um mistério de duas maneiras. Primeiro, não se sabe como qualquer partícula ou núcleo atômico pode adquirir praticamente tanta energia e, segundo, as tentativas de rastrear a partícula até onde ela se originou não indicaram nenhuma fonte potencial provável.

Fonte : Nasa – Astronomy Picture of the Day